No período da tarde, o Painel Venture – sobre inovação baseada em novos negócios – inaugurou as atividades do Palco Meu 1º Negócio. O primeiro a se apresentar foi o vice-presidente de Estratégia e Inovação do Grupo Algar, Clau Sganzerla, que falou sobre o Algar Ventures, braço de corporate venture capital do Grupo criado há quase um ano.
Conforme destacou o executivo, a aproximação com as startups traz ganhos para as corporações em termos de velocidade, imagem, inovação e cultura e para as startups no que diz respeito à credibilidade, branding, supplychain e financiamento.
No caso do Algar Ventures, os principais critérios de investimento em uma startup são: o quanto ela representa uma ruptura digital, a possibilidade de crescimento exponencial, se é voltada ao mercado B2B ou B2B2C, se é um first mover, se complementa o portfólio do Grupo Algar e, especialmente, se tem qualidade e um management teamcom prontidão. “Buscamos oportunidades em que possamos agregar valor para além do investimento financeiro”, frisou.
O diretor de vendas da Virturian, João Marinheiro, também trouxe um case da empresa, sobre monitoramento de motores elétricos e manutenção de forma pró-ativa. Conforme ele esclareceu, esses motores são a principal fonte de propulsão de equipamentos industriais e quebram, geralmente, porque são mal dimensionados, mal mantidos, mal instalados e mal operados e que compromete os processos produtivos.
A partir de dados de corrente e rotação dos motores elétricos, coletados a partir de um hardware próprio não intrusivo de Industrial Internet of Things (IIoT), a Virturian cria motores visuais que funcionam em paralelo ao motor em campo. O virtual é como o deveria ser. Se o motor em campo funciona de forma diferente, é possível investigar o problema, causa, origem, questões mecânicas e integrar com sistemas como o ERP.
Segundo Marinheiro, a solução é 100% automatizada e tem 95% de precisão. “Adotada na Ambev, ela permitiu identificar seis motores mal dimensionados no setor de engarrafamento de bebidas, instalados oito meses antes”, relatou.
Fechando o painel, que foi moderado por Rafael Navarro, da Braskem e da Aa npei, gerente de Inovação da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), Elisa Carlos, falou sobre o Programa Nacional Conexão Startup Indústria, desenvolvido a partir de metodologias advindas de startups e que se destaca por aproximar tais empresas da indústria. Na sequência, no mesmo palco, foram apresentados três cases: do ICC BioLabs, Flapper e da Fundep.
Um novo modelo de fomento para o Brasil
Políticas de CT&I para o Desenvolvimento e Instrumentos de Financiamento e Fomento Compatíveis foram discutidas em busca de um novo modelo para o Brasil. No painel, que teve moderação de Ada Gonçalves, da FINEP, um dos diretores da Anpei, Raimar van den Bylaardt, apresentou os resultados de uma pesquisa da Anpei, realizada em 2016, sobre as percepções das empresas com relação ao padrão de financiamento no país e pontos a serem melhorados.
O estudo permitiu observar, por exemplo, que as agências de fomento estão planejando novas políticas de apoio, que os fundos de fomento, ações e programas estão sendo descontinuados, que as empresas estão replanejando sua estratégia de investimento e que novos desenhos estão sendo demandados, com forte apelo para práticas colaborativas.
“A sociedade espera um novo tipo de financiamento. O que se pensava anos atrás, hoje não tem muito sentido para atender essas novas empresas e modelos que estão surgindo. Temos que pensar de forma diferente, de cabeça aberta e criar novos modelos de financiamento para sustentar esses novos tempos”, salientou o diretor da Anpei.
Conforme pontuou Bylaardt, diante da nova realidade, as agências de fomento precisam se adequar à dinâmica do empreendedorismo, adotar o fluxo contínuo, e ter agilidade na aplicação de projetos e liberação de recursos, por exemplo.
Já o pesquisador do IPEA João Alberto de Negri alertou que o futuro da indústria depende de cinco variáveis, sendo elas: o foco em risco tecnológico; a definição de problemas X soluções; o planejamento de longo prazo, coragem e metas ambiciosas; projetos ousados e realizáveis; além da atração de capital privado.
“Para se aproximar dos países avançados, o investimento público do Brasil em CT&I precisa crescer 10% ao na, para saltar de R$ 28 bilhões para R$ 60 bilhões ao ano. Mas não basta apenas aumentar os investimentos, é preciso ter foco e mais eficiência. Isso só é possível como novos instrumentos para observar, formular e fomentar tecnologias críticas”, argumentou o pesquisador.
Por fim, o diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fapesp, Carlos Américo Pacheco, falou sobre o FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a reforma do financiamento de CT&I no país.
Na percepção de Pacheco, são necessários ajustes para melhorar a governança sobre os recursos. “Uma solução de fato relevante pressupõe aproximar a política de CT&I da agenda econômica. O isolacionismo da política de CT&I reduz sua capacidade de articulação e reduz o apoio necessário à busca de recursos. Em grande parte, o esgotamento dos Fundos Setoriais foi sendo paulatinamente forjado dentro do MCTIC ao usar seus recursos de forma generalizada, para tudo, menos para apoiar as ações setoriais necessárias para consolidar o Sistema de Inovação”, criticou.
Iniciativas do BNDES de apoio à inovação e ao empreendedorismo
Os mecanismos de apoio à inovação do BNDES e seus fundos de fomento ao empreendedorismo pautaram o terceiro painel do Palco Meu 1º Negócio, do qual participaram Isabela Brod e Fernando Rieche, ambos do BNDES.
Em sua fala, Isabela destacou que o Banco apoia empresas de diferentes portes, segmentos e estágios. Segundo ela, recentemente, foram fechados dois acordos importantes, com a EMBRAPII e com a Fapesp, focados em Internet das Coisas e Manufatura Avançada. Além disso, o BNDES tem trabalhado com o MCTIC no Plano de Internet das Coisas, para execução entre 2018-2022, com foco em quatro verticais prioritárias: cidades inteligentes, saúde, ambiente rural e indústrias.
Já Fernando Rieche apresentou três fundos do BNDES de apoio à inovação e ao empreendedorismo – Fundo de Venture Debt, Fundo Primatec e Fundo de Anjos. “Buscamos, com os fundos, reduzir lacunas de mercado e aumentar nossa capilaridade, atuando em centenas de empresas, em vários estados do Brasil e gerando recursos. Estamos interessados em atrair empresas como cotistas dos fundos, o que ainda é muito embrionário no Brasil”, pontuou Rieche.
Resultados do Programa Nacional Conexão Startup Indústria
No último dos painéis realizados no Palco Meu 1º Negócio, Elisa Carlos, gerente de Inovação da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), falou sobre o Programa Nacional Conexão Startup Indústria, que visa promover a integração entre as demandas da indústria e a capacidade de criação e de atendimento destas demandas pelas startups.
“Usamos as metodologias de desenvolvimento de startups para entender a relação que já existia entre startups e grandes indústrias. Buscamos a validação com a ação dos beneficiados dessa política e, por isso, nasceu o Laboratório de Modelagem Conexão Startup Indústria”, explicou Elisa.
Segundo a representante da ABDI, o Programa teve 311 startups e 42 indústrias cadastradas e elas já estão se conectando. “Do total de indústrias cadastradas no Programa, 70% já compraram de startups”. Agora, o próximo passo é construir e lançar o segundo ciclo do edital Startup Indústria, chamado “Startup Indústria 4.0”.