No dia 1º de novembro, as atividades do Palco SEED abordaram temas atuais e desafiadores do cenário da inovação no Brasil, com debates sobre o Marco Legal da Inovação no país e as oportunidades que se colocam com a inovação baseada em Big Data e computação cognitiva.
Na manhã do dia 1º de novembro, a programação começou com um painel de apresentação e divulgação da Anpei, conduzida pelo seu vice-presidente, Luiz Mello, na qual foi exposta a estrutura organizacional, a atuação dos comitês e grupos de trabalho que compõem as atividades da associação.
Em seguida, o diretor da Anpei, Geraldo Rochocz, trouxe mais detalhes sobre a plataforma Anpei Exchange. A plataforma visa acumular e disponibilizar uma grande experiência em gestão da inovação e gestão do conhecimento, reunindo as melhores práticas que caracterizam as empresas inovadoras. Três características principais resumem o diferencial desse recurso: todo conteúdo é composto a partir de práticas validadas por empresas referência em inovação, indo além do aprendizado teórico; pode ser customizada porque parte do entendimento de que não existe um único modelo de gestão da inovação; e o material está organizado de forma hierarquizada, utilizando o método canvas com oito componentes principais, que se desdobram em requisitos e práticas. Esta última parte é toda detalhada com bibliografia relacionada e instruções de implementação. O diretor terminou ressaltando que “a gestão da inovação não é um fim em si mesma. É preciso que ela seja bem feita para que se alcance uma inovação eficaz” e que a plataforma estará em contínua evolução, reunindo cada vez mais informações que possam contribuir com o desenvolvimento inovativo das empresas associadas à Anpei.
Marco Legal da Inovação
A proposta do painel foi colocar em debate as visões da academia, da indústria e do governo acerca das principais modificações do Marco Legal de Inovação, Lei 13.243/2016. A mesa foi mediada pela Líder do Grupo de Trabalho do Marco Legal da Anpei, Cristina Assimakopoulos, e contou com a participação do Coordenador Geral do Fórum CTIE de Assessorias Parlamentares, Gerson José Lourenço, e do Secretário Substituto do MCTIC, Jorge Mário Campagnolo.
O aspecto mais importante dessa regulação, enunciado por todos os palestrantes e tema de perguntas ao final das apresentações, foi a necessidade de flexibilizar a burocracia que hoje paralisa muitas das ações em prol da inovação empresarial e a constituição de mecanismos que criem e fortaleçam iniciativas público-privadas.
Campagnolo foi o primeiro a se apresentar e afirmou que o país vive um deficit tecnológico, uma vez que mesmo com o crescimento da produção científica brasileira, que deveria resultar em competitividade, existem muitos obstáculos para um efetivo desenvolvimento e ainda há muitas falhas em termos de segurança jurídica. Ele ainda destacou a importância da Emenda Constitucional 85, que estabelece uma diretiva para que o Estado seja mais atuante no fomento à P&D e estimula a interação entre instituições públicas e privadas, caminhando para estruturação de uma política pública de inovação, com maior autonomia para os ICTs.
Lourenço, por sua vez, relatou o esforço para a articulação de vários seguimentos empresariais e os parlamentares no sentido de construir e aprovar o marco legal. Também mencionou a necessidade da Emenda Constitucional 85, permitindo as mudanças propostas. Segundo ele, o governo federal se posicionou de forma a privilegiar a visão estratégica em torno do tema em vez dos interesses imediatistas.
O painel foi encerrado com uma contextualizou da posição do Brasil em nível de competitividade e inovação quando comparado com outras nações e como o país perdeu posições nos últimos anos. A pergunta central que as empresas e o setor público precisam responder para alavancar a inovação é sobre o tipo de investimento mais rentável no Brasil. A agenda brasileira de inovação evoluiu nas últimas duas décadas e hoje o Brasil conta com um maior engajamento das empresas no tema. Contudo, ainda há muito a se fazer para aumentar a competitividade brasileira, como melhorar o ambiente de negócios, elevar a qualidade dos investimentos e aproximar ainda mais ICTs e empresas, a fim melhorar a relação insumo-produto da inovação.
Inovação Baseada em Dados
Conceitos como Big Data, Machine Learning, Computação Cognitiva e IoT se tornam cada vez mais importantes para o vocabulário das empresas inovadoras. Trabalhar com esses temas e suas ferramentas, no entanto, figura como um desafio do qual muitas organizações ainda não se deram conta. Para debater o assunto, o painel reuniu o CTO da IBM Brasil, Luís Fernando Liguori, o Head de Mobilidade e Ecofluig da Totvs, Mario Almeida, e o Diretor do GARTNER em Minas Gerais, Celso Chapinotte Lyrio, em uma sessão de debates coordenada pelo Diretor de P,D&I da Radix e Diretor da Anpei, Geraldo Rochocz.
Lyrio denominou o momento atual como uma Revolução Digital, na qual a “fronteira entre homem e máquina está se dissolvendo”, e ressalta a carência de talentos e recursos humanos para trabalhar com esse imenso volume de dados. Há um grande potencial de negócios, principalmente no campo da IoT, que pode render cerca de 2 trilhões de dólares adicionais. Os dados são o centro de todo negócio competitivo, mas não valem nada sem os talentos e skills necessários para a extrair valor.
A fala de Almeida seguiu a mesma perspectiva, afirmando sendo o big data o futuro dos negócios inovadores. A análise feita por ele evidenciou como o ativo mais importante neste cenário é a informação e que a ideia de competitividade como disputa por clientes se tornou ultrapassada. Hoje as empresas compartilham dados, mas também compartilham clientes, uma vez que os dados coletados fornecem subsídios para entender o perfil de consumo e traçar linhas de ação.
Complementando essa ideia, Liguori destacou a capacidade dos dados de definir perfis e até mesmo personalidades e o quanto esse é um recurso precioso para alinhar atendimentos e produtos às expectativas dos clientes. Mas para que o uso do big data e da computação cognitiva tenha os resultados esperados é preciso que sejam trabalho de acordo com alguns requisitos, que ele nomeou como 5I: os dados precisam ser instrumentados, interconectados, inteligentes, invisíveis e interativos. “O mundo é um fluxo de dados e está sendo reinventado em código. Onde tiver código e dados é possível colocar inteligência”, encerrou o palestrante.
Painel ICT-Empresa
O último painel do Palco Seed trouxe um time de profissionais envolvidos com o Comitê ICT-Empresa da Anpei, que em 2017 completa 10 anos. Estiveram no painel a Vice-coordenadora do Comitê Interação ICT-Empresa da Anpei e Diretora de PI da Inova Unicamp, Patrícia Leal Gestic, o responsável pelo Time de liderança do Comitê e Diretor de Transferência de Tecnologia da Agência de Inovação PUC – RIO, Ricardo Yogui, o CTO da IBM, Luis Fernando Liguori, e o chefe do Laboratório de Engenharia de Software da PUC-Rio, Rafael Nasser. O Coordenador do Comitê e Gerente de Sistemas de Inovação da Natura, Leonardo Garnica, comandou uma apresentação que fez um resgate histórico da concepção e atuação do ICT-Empresa, desde seu surgimento em 2007.
Neste ano, as atividades do ICT-Empresa se mostraram bastante conectadas com os desafios atuais e as perspectivas de futuro, abordando questões como indústria 4.0, impressoras 3D, incentivos governamentais para interação ICT-Empresa, práticas de previsão de transferência de tecnologias, princípios que orientam a negociação de pi e remuneração nas parcerias, comunicação eficiente e gestão de projetos colaborativos.
Como projeto futuro, o comitê está se preparando para mapear o ecossistema de empreendedorismo brasileiro, fazendo uso de técnicas de computação cognitiva de forma a explorar pontos importantes, tais como o aumento das interações entre as organizações inovadoras, aprimorar o radar de oportunidades e novos projetos, e melhorar posicionamento das empresas nacionais nos rankings de inovação.