Com o objetivo de discutir novos caminhos para a inovação em um mundo em constante e rápida transformação nas relações e nos modelos de negócio usualmente conhecidos, representantes da sociedade civil, empresários, especialistas e demais lideranças do SNI estão reunidos na 16ª Conferência Anpei de Inovação, que teve início hoje pela manhã, no ExpoMinas, em Belo Horizonte (MG), no “Espaço Inovação” da FINIT (Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia) e segue até amanhã, 1º de novembro.
Na cerimônia de abertura, o presidente da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras) e vice-presidente de Engenharia e Tecnologia da Embraer, Humberto Pereira, destacou que as transformações pelas quais o Brasil passará, dentre as quais a da matriz energética, irão afetar todos os sistemas produtivos do país, o que será também uma oportunidade, dependendo das escolhas e sonhos seguidos.
Citando um evento educativo de aeronáutica realizado em São José dos Campos no último fim de semana, com 240 universidades inscritas – do Semiárido aos Pampas –, Pereira afirmou que é possível identificar, vivos e vibrantes, todos os elementos buscados na inovação. Contudo, questionou: “O que acontece depois? Por que essas experiências não se multiplicam e ainda ocupamos a 69ª posição no Ranking de Inovação? Onde nos perdemos na vontade de vencer desafios?”.
A partir dessa reflexão, Pereira salientou que o objetivo da 16ª Conferência é promover a soltura das amarras existentes no Brasil e a criação de laços de cooperação.
Já o Secretário MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Marcos Vinícius de Souza, enfatizou a importância da discussão dos três grandes temas da Conferência: as tecnologias transformadoras, as pessoas conectadas e empoderadas, e os negócios conscientes. “Juntando todos esses elementos, que são tendências mundiais em desenvolvimento econômico, acredito que possamos mudar o Brasil, principalmente neste momento de crise”, afirmou.
Na ocasião, o Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTIC, Álvaro Prata, também frisou que o Brasil é um país complexo, superlativo e de contrastes, no qual a sociedade tem dificuldade de enxergar a necessidade de investir em CT&I. Por isso, eventos como a Conferência Anpei são essenciais para “contaminar” todo o país, de modo que CT&I sejam mais valorizadas.
“Há uma revolução em curso sendo construída pelos jovens. Temos a missão de estimular pessoas e nos estimularmos, para que possamos levar às pessoas a importância da inovação que transforma, melhora a sociedade e traz competitividade ao país”, pontuou Prata.
O Secretário da SEDECTES-MG, Miguel Correa, ressaltou que a FINIT, que engloba uma série de eventos relevantes em inovação, como a Conferência Anpei, o 100 Open Startups e a Campus Party, ajuda a contar a estratégia de desenvolvimento de Minas Gerais, com foco em negócios e na troca de conhecimento. “Precisamos investir em conexões para que o conhecimento seja deslocado para a produção e o desenvolvimento”, comentou.
Também participaram da cerimônia de abertura da 16ª Conferência Anpei de Inovação: o vice-prefeito de Belo Horizonte, Paulo Lamac; o reitor da UEMG, Dijon Moraes Júnior, o Presidente da FAPEMIG, professor Evaldo Vilela; o presidente do Instituto Campus Party, Francesco Farruggia; o presidente da Sucesu Minas e Sucesu Nacional, Leonardo Bortoletto; Agnaldo Diniz Filho; o diretor-técnico do Sebrai-MG, Anderson Camilo; o sub-secretário da SEDECTES-MG, Leonardo Dias; além de Luísa, Marcelo Gonçalves, Willian Alves e Juliano Brasil.
Mudança nas relações e nos modelos de negócio vigentes pautam Painel de Abertura
No painel de abertura, que teve como tema “o mundo em transformação”, foram discutidas as três grandes alavancas de mudança: tecnologias, pessoas e negócios. Denis Balaguer, da Ernst Young, destacou que o presente se caracteriza pela existência de novas matérias-primas, regimes energéticos, produtos e serviços, mercados antes inacessíveis e inexploráveis e novas formas de organização econômica.
Dado o contexto, o executivo alertou que as startups estão “roubando” pequenas fatias dos negócios das empresas tradicionais e que isso vai acontecer em todas as indústrias. “Ninguém está imune à disrupção, quem não se transformar vai desaparecer. A opção é ser protagonista da mudança ou expectador do futuro construído pelos outros. É necessário repensar completamente a estrutura das empresas. Como elas seriam se surgissem hoje? E a reinvenção não pode ser terceirizada, tem que vir de dentro”.
No mesmo painel, Leonardo Dornelas, da Inventta, trouxe o olhar para as pessoas, para as mudanças de comportamento da sociedade e como isso pode ser encarado do ponto de vista de negócios. Ele citou como exemplos de transformação social o aumento da população idosa e da expectativa de vida, os casais que têm optado por não ter filhos, os homens que cuidam da casa e das crianças, a sologamia e o poliamor.
“Não se pode ignorar os impactos da transformação social na sua organização. Prestar atenção nessas mudanças ajuda seu negócio a não correr certos riscos e a aproveitar oportunidades. A empresa vida freedom, por exemplo, criou seguros para casais gays. O slogan da companhia é ‘O que para uns é preconceito, para nós é negócio’”, comentou Dornelas.
Em continuidade, Artur Tacla, da BRF, trouxe o questionamento sobre como ter organizações fluidas, que transformem a si mesmas enquanto transformam o mundo. Para ele, o problema é que vigora um mindset do trabalho mecânico, linear, previsível e controlável. “Os humanos, naturalmente, colaboram e são criativos, mas com o trabalho mecânico e repetitivo, tiramos sua humanidade, o que a inovação está resgatando”.
O caminho para a mudança de mindset, na percepção de Tacla, passa pela transformação das organizações em grandes ecossistemas, a partir da acoplagem das startups. A regeneração dos negócios envolve, também, propósitos inspiradores e a liberação da potência que existe em cada um. “As organizações fluidas devem ter melhores propostas para todas as formas de vida”, defendeu o executivo.